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sábado, 28 de novembro de 2009

Tem algo mais fake do que um reality show?

TEM ALGO MAIS FAKE QUE UM REALITY SHOW?
Talvez os noticiários...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

1968 não acaba de terminar...

Morre antropólogo francês Claude Lévi-Strauss
REUTERS

PARIS - O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss morreu aos 100 anos, informou nesta terça-feira a editora Plon. Segundo um porta-voz da editora francesa, o autor de "Tristes Trópicos" morreu no sábado. Claude Lévi-Strauss, que renovou o estudo dos fenômenos sociais e culturais, principalmente os relacionados aos mitos, faria 101 anos em 28 de novembro. Considerado o antropólogo mais marcante de seu tempo, ele entrou na Academia francesa em 1973 e recebeu o título de "imortal". "Ele era extraordinariamente acessível a toda a Academia", disse a historiadora Hélène Carrère d'Encausse, também membro da Academia, para a France Info. Apesar da complexidade de sua obra, Lévi-Strauss conseguiu levar a etnologia ao grande público através de "Tristes Trópicos", obra científica escrita em 1955. Esse estudo dos comportamentos sociais dos índios brasileiros, de forte conteúdo autobiográfico, só não levou o prestigiado prêmio Gongourt porque não era um romance. Nascido em 28 de novembro de 1908 em Bruxelas, Lévi-Strauss fez seus estudos secundários em
Paris. Na Sorbonne, estudou geologia, direito, filosofia e letras, antes de enveredar pela etnologia depois de viver no Brasil.





FERNANDO DE BARROS E SILVA
A São Paulo de Lévi-Strauss
SÃO PAULO - "Um espírito malicioso definiu a América como uma terra que passou da barbárie à decrepitude sem conhecer a civilização. Poder-se-ia, com mais acerto, aplicar a fórmula às cidades do Novo Mundo: elas vão do viço à decrepitude sem parar na idade avançada". O antropólogo Claude Lévi-Strauss inicia com essas palavras, bem conhecidas, o capítulo sobre "São Paulo", o 11º de "Tristes Trópicos", dedicado a relatos e reflexões em torno de sua viagem ao Brasil.Lançado só em 1955, 15 anos após a volta do autor à França, o livro tem um forte acento literário e ensaístico, o que o torna bom de ler.Ao chegar a São Paulo em 1935, Lévi-Strauss diz que "não foi o aspecto novo que de início me espantou, mas a precocidade dos estragos do tempo". Logo adiante, ele ironiza o afã do progresso de uma cidade que se "desenvolve a tal velocidade que é impossível obter seu mapa: cada semana demandaria uma nova edição". São Paulo lhe parece em contínuo processo de construção e dissolução -um amálgama de novidades e ruínas incapaz de alcançar a civilização. Fisicamente, a cidade descrita não existe mais, o que comprova o acerto das observações.Na década de 30, o provincianismo da sociedade paulistana impressiona e diverte o francês de espírito cultivado. "Tristes Trópicos" é cruel com nossas veleidades.Como suas orquídeas prediletas, diz Lévi-Strauss, a elite paulista "formava uma flora indolente e mais exótica do que imaginava" -e a cultura, "até época recente, era um brinquedo para os ricos".Falando sobre a USP, que ajudou a criar, Lévi-Strauss diz ter julgado seus colegas nativos com "uma compaixão um pouco arrogante". E explica: "Ao ver aqueles professores miseravelmente pagos, obrigados, para comer, a fazer obscuros trabalhos, senti orgulho de pertencer a um país de velha cultura, onde o exercício de uma profissão liberal era cercado de garantias e de prestígio". O tempo passou, mas "Tristes Trópicos" dá muito o que pensar.


UM MESTRE CUJA OBRA CONHECI CURSANDO CIÊNCIAS SOCIAIS EM 1968, NA RUA MARIA ANTONIA, ALUNA DE RUTH CARDOSO E EUNICE RIBEIRO DURHAM.
LIVRO EDITADO PELA PLON, DE SÓBRIA CAPA PRETA E BELAS FOTOS NO SEU INTERIOR QUE PUDE LER EM FRANCÊS GRAÇAS ÀS AULAS DA DONA RUTH NO "ALEXANDRE DE GUSMÃO".
E ME APAIXONEI POR "TRISTES TROPIQUES" ...
E QUERIA SER ANTROPÓLOGA COMO ELE...
ATÉ HOJE TENHO SEUS LIVROS E DE VEZ EM QUANDO DOU UMA LIDINHA.

MAIS UMA AMADA LEMBRANÇA DE 1968 QUE SOBREVIVE EM MIM.

E POR FALAR NESSES TEMPOS...
RUY CASTRO
Minissaias de 1967
RIO DE JANEIRO - A história de Geyse, a estudante agredida por 700 colegas de faculdade em São Bernardo do Campo por usar um vestido curto, me devolveu a 1967, quando nós, os rapazes do 1º ano do curso de ciências sociais da FNFi (Faculdade Nacional de Filosofia), no Rio, víamos com muito prazer o fato de que a maioria das meninas da turma ia de minissaia à aula.Não eram minissaias sóbrias, a menos de um palmo do joelho, como o vestido de Geyse. Eram muito mais curtas. E nenhuma das moças, por mais bonita, fazia aquilo para provocar. Elas eram modernas, liberadas e gostavam de namorar -claro que só namoravam quem quisessem. Algumas liam Régis Débray; outras, Hermann Hesse; e, ainda outras, "Peanuts"; mas todas eram divertidas, inteligentes e politicamente atuantes.No dia seguinte às passeatas contra a ditadura na avenida Rio Branco, uma ou duas apareciam na faculdade com as coxas e canelas salpicadas de curativos, resultado das bombas de "efeito moral" que os agentes do Dops soltavam no meio da turba e, ao explodir, despejavam estilhaços que cortavam de verdade. Ao contrário de nossos jeans, grossos como couro e que nos protegiam as pernas, as minissaias expunham as garotas a esses riscos -que elas enfrentavam com graça e coragem.Várias lutaram à vera contra os militares e pagaram o preço, na forma de prisão, tortura, exílio ou morte de alguém próximo. Mas, sabe-se como, todas completaram o curso. No futuro, muitas se tornaram mestras ou doutoras respeitadas em suas carreiras, ainda que fora da sociologia.Às vezes reencontro-as em reuniões aqui no Rio. Estamos 40 anos mais velhos, mas, nas minhas fantasias, elas continuam as mesmas meninas de 1967: alegres, responsáveis, cultas -e irresistíveis em suas minissaias.


CAMINHANDO CONTRA O VENTO
SEM LENÇO SEM DOCUMENTO
NO SOL DE QUASE DEZEMBRO
EU VOU....

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agradeço ao Carlos Sá e à Vera Tango que me mandaram os textos de colunistas da Folha de S.Paulo. São amigos um pouco mais novos que a geração 68 mas sem dúvida companheiros de jornada até hoje.