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sábado, 31 de agosto de 2013

Na infância e adolescência a gente pensa que é poeta...

Na infância e adolescência a gente pensa que é poeta...
  • poética soniana da escola primária...4º ano, homenagem aos Bandeirantes.
    "Subindo as serras, escalando montanhas,
    das matas penetrando no recesso,
    as verdes pedras, riquezas tamanhas
    sem crer talvez no seu regresso..."
    fico surpresa ao ler tal vocabulário numa Sônia de 11 anos, do Cardeal Motta. Ordem inversa, rimas rebuscadas...que monstrinho eu era.
    Outra dessa época:
    Num concurso de canto da classe eu apresentei uma marchinha de CarnavalVem, vem, vem
    Que eu te quero bem
    Vem, vem, vem
    Você sempre foi meu bem
    Você sempre foi assim
    Ai ai porque você é tão ruim
    Mas agora eu não sei o que eu fiz
    Prá você ser meu Juiz...

    Rimas assim com ruim
    fiz com juiz nada mal para uma menina metida que adorava ler dicionários e enciclopédias...

  • poética soniana do fim da adolescência e começo da maturidade...
    "Parto para Europa, França ou Bahia,
    Mas as coisas são as mesma de todo dia,
    Lendo os jornais, sempre iguais, das sociedades industriais..."
    Ai a coisa já anda mais para a decepção com o mundo adulto

    Outra..sinais da depressão?


    Um muro,
    alto, intransponível, escuro,
    que me rodeia,
    que me impede
    de não ser só...


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

APOSENTADORIA: riscos de um pijama se transformar em camisa de força...

Quando eu era criança, lá pelos anos 1950, não era raro ver homens de pijama em público no meu bairro...nos jardins de suas casas, indo à padaria, jogando dominó no bar da esquina. Lembro que isso era visto como algo de mau gosto, coisa de preguiçosos...
Em tempo: nunca vi meu pai de pijama, acho que ele nem tinha, dormia de cuecas...
Hoje, eu aposentada, digitando em casa, de pijama, lembrei disso.
Não me considero uma aposentada inativa, participo de grupos de discussão na internet e ao vivo, estudo, leio, até falo em público sobre o assunto surdez, cuido da casa, viajo...mas hoje cismei com o pijama, o estigma do pijama. Coisa de gente indolente, vagabunda, encostada...e passei a me analisar dentro desse traje "ultrajante" em termos morais...
Observei que se eu acordo, vou ao banheiro, tomo café e coloco uma roupa de rua, sou outra pessoa, estou pronta para o que der e vier.
Se ao contrário acordo, vou ao banheiro, tomo café e me sento diante do computador, de pijama... aí é fatal...sou prisioneira das redes sociais, do teclado e não me animo a trocar de roupa, tomar um banho e reagir.. sair à rua!
É certo que escrevo, penso, troco ideias esteja vestida decentemente ou em camisetas desbotadas mas o fato de estar em trajes típicos de aposentada me produz uma carga moral, uma acusação de indolência, desleixo...
Agora mesmo minha cabeça funciona bem mas meu corpo parece que não quer obedecer, andar, sair de casa, o pijama parece um escafandro, uma camisa de força.
Vou postar este texto, tomar um banho e sair para a liberdade...espero conseguir me livrar do escafandro, desatar a camisa de força.